Caminhada do Tango

Ouvindo um grande número de frequentadores das nossas milongas e alguns profissionais que participaram de um debate na internet, tivemos algumas preocupações em comum. Qual será o destino da prática do Tango no Rio de Janeiro a médio e longo prazo? Como eternos apaixonados por essa dança, sentimos uma certa urgência em possibilitar duas providências:
1 - aumentar a integração entre as escolas e seus frequentadores;
2 - atrair novos praticantes para as danças.
A frequência das Milongas está diminuindo, fruto da pequena disponibilidade de cavalheiros e do consequente aumento do preço dos ingressos para balancear as despesas. Chegamos à conclusão que não se trata de um problema setorizado, não é um problema de uma ou algumas academias ou professores ou organizadores; é um problema compartilhado por todos. Portanto, nada mais apropriado do que a transformação seja compartilhada também por todos.
Como atrair mais praticantes para o Tango? Quantos de vocês já ouviram a declaração "Eu adoro Tango, sempre quis aprender, mas..." seguida de uma série de mitos? A maioria desses mitos se origina no primeiro (ou único) contato que o público leigo tem com o Tango:. Seja através de shows, TV, cinema, exibições nas ruas ou qualquer outro evento, o público toma conhecimento do Tango Cenário. Por falta de divulgação, o Tango Salón é desconhecido do grande público. Nada mais esperado, portanto, que o pretendente a aluno pense que é assim que ele tem que dançar.
Daí surgem os mitos. Alguns que posso lembrar (e que ouvi muitas vezes antes de me atrever a entrar para uma aula de Tango), são:
- é muito difícil;
- tem que ter um parceiro fixo, porque é ensaiado;
- precisa ter preparo e tipo físico para fazer acrobacias;
- é muito deprimente;
- pouca gente dança tango;
- não vai ter onde dançar, porque não toca Tango nos bailes de Dança de Salão;
- para alguns, é "dança de gente velha";
- leva muito tempo para aprender.
Uma visita a uma Milonga derrubaria esses mitos. Não podemos levar o grande público a uma Milonga, mas podemos levar uma Milonga ao grande público. Para alcançar os objetivos pretendidos, essa Milonga ao ar livre precisa de alguns ingredientes que tornem o evento inédito e atraente. Reunindo a maior quantidade possível de casais de todas as escolas e professores, promovemos a integração ao mesmo tempo em que demonstramos que o Tango não é dançado por poucas pessoas. Com a participação de praticantes de todos os níveis, do iniciante ao profissional, e dançando o Tango Salón, podemos demonstrar que não é um objetivo inatingível e incentivar o expectador a tentar aprender. Ao expor a diversidade dos praticantes de todas as idades e tipos físicos, mostramos que o Tango não tem restrições. Ao mostrar os praticantes em um baile em vez de fazer uma exibição coreografada, trocando de parceiros para mostrar que não há necessidade de parceiro fixo e principalmente se divertido, mostraremos que o praticante de Tango não é triste ou deprimido.
Isso somado, precisamos dar ao evento uma dimensão que chame a atenção do público (quiçá da imprensa) através do ineditismo. Por isso não será uma Milonga estanque dançada na ronda tradicional e sim uma Milonga linear, com tandas, cortinas e troca de parceiros, que se move em um percurso de um ponto a outro da avenida.
Este é um evento de todos os praticantes de Tango, uma iniciativa de pessoas que amam o Tango, independente de escola. Somente com a participação de todos os objetivos pretendidos serão alcançados. Com mais alunos e mais frequentadores nas Milongas, todos sairemos ganhando - e o nosso amado Tango mais ainda.
Vamos encher a avenida de casais dançando Tango.
Participe e divulgue essa iniciativa
Abrace essa idéia!